País oriental já provou que pode se infiltrar na segurança digital norte-americana e hackers podem causar danos em redes de fabricantes de eletrônicos.
O fortalecimento da capacidade cibernética da China irá dificultar a capacidade dos Estados Unidos de se defenderem de espionagem industrial e possíveis confrontações militares em locais como Taiwan, de acordo com um novo estudo, realizado pela empresa de segurança Northrop Grumman.
O resultado configura um cenário ameaçador aos EUA, cujas defesas e companhias high-tech, incluindo a Google, foram invadidas por hackers chineses.
Os Estados Unidos encaram o risco de cibercriminosos se infiltrarem em redes de fabricantes de eletrônicos, como chips ou circuitos integrados, que podem ser modificados para falhar intencionalmente, segundo o relatório.
“A rede de fornecimento de hardware de microeletrônicos e telecomunicações em particular é extremamente difusa, complexa e globalmente dispersa, dificultando que as empresas norte-americanas verifiquem a autenticidade de equipamentos eletrônicos que compram”, diz o estudo.
O principal risco está na indústria de telecomunicações. Os equipamentos podem ser alterados para conseguir acesso secreto e monitorar sistemas. Instruções falsas podem ser plantadas para causar a “destruição do sistema em questão”.
Em 2010, o Irã foi alvo do vírus Stuxnet, que causou o controle e a falha da infraestrutura industrial desenvolvida pela Siemens, interrompendo os equipamentos de enriquecimento de urânio.
Os EUA já vêm batalhando com produtos falsificados que vêm da China. O relatório afirma que a infiltração de revendedores e distribuidores de hardware “continua a trazer ameaças ao cumprimento da lei e à contra-inteligência dos Estados Unidos”.
“Provendo hardware falsificado que contém acesso secreto nativo no firmware ou software, um serviço de inteligência do exterior ou um cibercriminoso sofisticado tem grandes chances de se infiltrar nessas redes de fornecimento”, diz o documento.
Exército chinês digital
No setor militar chinês, o relatório informa que o Exército chinês tem um amplo programa chamado “confrontação de informações”, que aparenta reunir dados de redes de computador com guerra digital, operações psicológicas e estratégicas.
“Os líderes chineses adotaram a ideia de que para vencer uma guerra é preciso ter controle externo das informações e sistemas, geralmente de forma preventiva”, de acordo com o estudo.
O problema que os EUA enfrentam com a guerra eletrônica é que atos cibernéticos agressivos são difíceis de serem identificados, o que complica na hora de responder.
A China desenvolveu fortes recursos para romper os sistemas de comando eletrônicos dos EUA, conhecidos como Infraestrutura C4ISR, o que pode dificultar uma resposta rápida no caso de uma crise, por exemplo, em Taiwan.
“Comandantes chineses podem escolher usar o acesso profundo às redes norte-americanas de logística e controlar os dados para coletar informações de alto valor em tempo real ou corromper os dados sem destruir redes ou hardwares”, diz o documento.
A China também investe pesado em educação: ao menos 50 universidades que realizam pesquisas de segurança receberam subsídios de programas nacionais de tecnologia, apoiando o objetivo do país de ter um grande poder de informação sobre tecnologia.